segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Casulo


Imersa
Longos mergulhos no oceano profundo
universo a ser desvendado
Ainda tão delicado
Se deixar quase esqueço
de voltar à superfície
Pra pegar ar

Querer
Esse brinquedo novo
Que por tanto tempo
Mal sabia que tinha
E começo a degustar

Ainda não sei bem como usar
E por enquanto prefiro passar
Horas e horas sozinha
a brincar
No canto do meu quarto

De desvendar mistérios
Internos
íntimos
Incompletos
Inquietos

Nunca foi tão bom ficar sozinha
E nem tão estranho


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Chuva de alma

Chuva de alma
quando vem
não adianta nem
tentar segurar

Depois de tanto tempo de seca
Terra sedenta

Depois de tanto tempo 
de nuvem carregada sufocada no peito, 
emudecida
Levando a vida assim, meio alegre e meio
entristecida

Agua de alma represada,
numa enxurrada vem
E feito rio caudaloso me inunda inteira
e me leva com você

Rega de vida esse chão por onde piso
E que flores brotem coloridas
em todos os jardins

terça-feira, 3 de junho de 2014

Desordem



Desordem é sair do lugar comum
Dar a cara pra bater
... e arriscar levar um tapa
Casa toda bagunçada
por fora e por dentro
É me perder do meu centro (ou quase)
Sair e não me lembrar mais como é que eu entro
A porta já não é mais aquela
Por onde saí

Se a vida é pesada
E a alma é leve
Que eu encontre coragem
Pra dar o passo de cada dia
E quando estiver lambuzada de terra
O vento venha leve me visitar
Pra trazer lembranças de ar
E que o olhar possa sempre
No horizonte descansar

Desordem é o que acontece entre uma ordem e outra
É o que a vida faz quando se renova
É trabalho de parto
Reparto
renasço

É me sentir exposta.
Sim, pois existir mesmo, ocupar um lugar, um espaço
Isso tem um peso.
O peso da matéria.
O peso da gravidade.
É preciso esforço pra se ter movimento,
É preciso energia
Vontade e intenção
Ficar a flutuar
É só leveza
Que beleza, eu sei
Mas não há como realizar
No ar

Alma tem que aprender a ser pequena
Pra se fazer gente
E ter uma vida grande
Corpo tem que aprender a ser grande
Pra acomodar o infinito da alma
E aí quem sabe
dá pra se viver
Uma pequena grande vida

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Na calçada


Quando eu quando
Quando em mim
Vida vai e vem assim
No inspirar e expirar
No brilho do olhar
De uma criança feliz
Numa nota musical
Solta pelo ar
Entre pausas e intervalos
Eu e você de braços dados
Cicatrizada a ferida
Que seja bem comprida
A cada passo
A calçada
Da vida
Desse jeitinho
Assim
<3

segunda-feira, 5 de maio de 2014

quando eu canto


Tem uma coisa que vem quando eu canto, quando eu ouço e vejo, quando eu sinto a musica,
Algo que cresce no peito e expande no ar… infinito a se espalhar
Algo que me tira do chao e que me lembra que tudo é uma coisa só
E pelo sentir e pulsar do coração, vivo na pele a sensação: estamos todos conectados, realmente somos um
As vezes essa viagem é tão intense que me desarruma toda, me leva pra lugares distantes e levo alguns dias pra me recompor e voltar ao chão do aqui, agora.
Mas o que seria de nós sem o céu, o horizonte?
Musica a qualquer hora. Musica aqui e agora, musica dentro e fora.
Musica pra conectar e desconectar. Pra expandir e espalhar, pra recolher e aquietar. Pra ser e estar…
Na terra, no mar, no céu, no ar
Pra dizer e pra calar. Vivenciar.
Ser um só…
Cantar
(Cantar é existir e existir é cantar)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Silêncio



Uma otite me atacou
E a vida me convidou 
a aquietar

No começo tão difícil
Depois tão necessário

Silêncio que ficou meu amigo, companheiro
Silêncio que é tão pleno, tão recheado

Ouvido se fechou pra fora pra se abrir pra dentro
E uma janela se revelou e viu-se o horizonte

Hoje me sinto inteira no silencio, em paz
Preciosas gotas de orvalho na vida seca da cidade

É duro voltar à superfície
Depois de um mergulho assim
Lambuzada de mim

SOZINHA



Você me diz que o coração ta aqui
E eu querendo acreditar
Você me diz que logo vai chegar
E eu aqui a esperar

A hora passa
O dia passa
O ano passa
O bonde passa...

Você não vem, não vem, não vem, não vem, não vem (2x)

É tão difícil aceitar
Essa cruel realidade
Mas não dá mais para ficar
Me escondendo da verdade

Sozinha eu estou
Sozinha sem você aqui
Sozinha pra tocar
a vida
E navegar
No Mar