domingo, 24 de agosto de 2008

Dez horas da noite de domingo. Sozinha com Marcelinho em casa, ele dorme. 21 semanas de gravidez do menininho que ainda não tem nome... Estou exausta!
Parece que passou um trator em cima de mim. Só agora me dou conta do quanto essa virose dele me preocupou, me afetou emocionalmente. Nunca tinha sido assim, fiquei assustada! Ver meu filho mal, completamente baqueado e não melhorava de jeito nenhum... Um medico novo que vc não sabe ainda como lidar e como são os seus limites, e ter que confiar. Marido indo viajar, ninguém no final de semana pra ajudar, cuidar de um filho sozinha com outro na barriga, mudança de casa à vista, passar o fim de semana fora de casa... Ufa!
Me senti impotente, incapaz, insuficiente. Hoje estava sem paciência com ele, como isso me dói...
Fico pensando em como é ter mais um, será que dou conta? As vezes não sei se dou conta nem de um direito... Como as pessoas fazem? Será que sou muito mole? Hoje me senti uma mãe incompetente pq não tinha a menor paciência pra dar comida pra ele, ao mesmo tempo queria tanto que ele comesse pra ficar forte e melhorar... Fiquei em função dele o fim de semana todo, fora de casa. Me senti sufocada, sem espaço pra mim... E ao mesmo tempo é claro que é sempre um prazer cuidar de filho e a gente faz com amor. Mas é tbm um sacrifício, uma doação. Hoje eu queria colo. E realmente alguém pra dormir e ficar fds é essencial!!!
Amanhã quero – preciso – cuidar um pouco de mim.
... Pra estar inteira pra cuidar do meu filho inteira e ser uma boa mãe.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Soneto de Separação

08 de agosto de 2008. Marcelinho tem1 ano e 8 meses, e meu segundo filho cresce em meu ventre. Logo mais vai fazer 2 anos que minha jornada como mãe começou, no dia do nascimento do Marcelinho. No parto. Durante a primeira gravidez, o parto parece ser (e é!) o grande acontecimento, o ápice, come se fosse o fim de uma estória infantil, onde depois disso ...viveram felizes para sempre...
O parto é uma odisséia, uma grande conquista, um momento de força, de contato com o essencial, o primitivo, com a natureza. Um contato com forças internas que não conhecíamos. Especialmente um parto como o meu, natural. Dói? É punk? Sim. Mas nem se compara com os desafios que vêm pela frente na jornada da maternidade. O nascimento é o primeiro de muitos partos, e acredito que ele, de alguma forma, nos prepara para o que está por vir! Se é que dá pra dizer ‘preparar’... É que passar por um desafio como o do parto nos fortalece e dá coragem e uma vivência que nos ajuda nos outros partos que vêm pela frente, que não doem no corpo, mas no coração.
Essa foi a primeira semana do Marcelinho na escola. Ele está em adaptação, fico a manhã toda aqui por perto, de plantão... Na verdade, quem está em adaptação sou eu!!! Nossa, como é difícil, dá um aperto no coração. Ver seu filho crescer e se tornar cada vez menos dependente de você. Ver que o seu tesouro é apenas ‘mais um’ no mundo, aquele que é o seu mundo... Que ao sair de casa tudo fica diferente. Dá vontade de não tira-lo nunca de lá, desse segundo útero que a gente cria em volta deles no mundo aqui fora, de proteção, de cuidado, de atenção e carinho constantes. Não, ninguém vai cuidar do meu filho como eu. E essa é a vida. E é assim que ele cresce, se desenvolve, ganha independência... Fico pensando se não é exatamente nesses momentos de separação, de abrir espaço, de exposição, que eles expandem, crescem, se desenvolvem. Em casa a gente não quer exatamente deixar o filho crescer, a dependência é tão gostosa, tão realizadora... Fiquei muito mexida quando ontem o Marcelinho perguntou por mim e quis vir me ver e ficar no colo aqui na sala das mães, partiu meu coração pensar em quando ele me quiser e eu não puder estar, e ele vai ter que lutar por atenção em meio a outros 15 ou 20... Como é bom ser requisitada e poder dar esse carinho, esse aconchego – mais ainda, receber esse carinho e aconchego! Eu não quero dividir meu tesouro com o mundo, quero ele todinho pra mim! Mas isso é puro egoísmo, pois eu tenho minha vida e ele tem a dele, e isso é saudável. E estar em casa não significa estar comigo, passo todas as tardes longe e às vezes o dia todo, isso não é novo, eu não vivo em função dele e nem açho que deveria. Mas a escolinha, não sei... É um outro capítulo. Não é o meu território, é o território dele. Mãe não entra, a não ser pra deixar e buscar. Mãe não controla. Não sabe de tudo que acontece. Mãe não participa junto, fica torcendo de fora.
Eu sei que estou fazendo a coisa certa pra ele, então por que é tão difícil, tão sofrido? Ele vem, se diverte, brinca, interage com outras crianças, faz um monte de coisas que gosta... Desapego. Deixar ir. Let go. Como deixar ir um pedacinho de mim?