terça-feira, 16 de agosto de 2016

Aurora

Aurora que chega
Luz primeira da manhã
Deixando a noite pra trás 

As cores despertam 
passarinhos a cantar 
Aos poucos revelam
horizonte pro olhar

Um dia nascendo 
Todinho por viver
Presente pra gente 
fazer acontecer

Os medos aos poucos
Vão ficando para trás 
Descalços, despertos
O caminho a gente faz

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Outono


Outono.
Chuva cessa.
Vento sopra.
Folhas caem
Todos os dias.
Manter a grama verde
Parece trabalho sem fim

Flores vêm e vão.
Galhos ressecam e pedem a poda.
Menos água e menos sol...
Plantas voltam-se para dentro.
Em breve, sementes.

Tudo que preciso aprender
Tudo que preciso saber
Tudo que preciso viver
Está bem aqui,
diante de mim:
No meu jardim.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Tem dia que o mar todo cabe em mim
As águas calmas, o tempo ruim
Tempestade, ressaca e calmaria


Raios, trovoadas, brisa, maresia

A imensidão do horizonte e o contorno das encostas
O espalhar-se e o recolher-se das marés,
totalmente entregues aos ritmos da Lua


A onda que vem quando menos se espera
e transborda salgada 
pelos olhos outrora tranquilos

Tantos mares, 
um só peito
uma só alma

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Silêncio.
Já entendi.
Disse tudo.
Fico aqui
Aquietando
o calor do fogo
e a saudade da alma
Com calma
a página
vai virar.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Casulo


Imersa
Longos mergulhos no oceano profundo
universo a ser desvendado
Ainda tão delicado
Se deixar quase esqueço
de voltar à superfície
Pra pegar ar

Querer
Esse brinquedo novo
Que por tanto tempo
Mal sabia que tinha
E começo a degustar

Ainda não sei bem como usar
E por enquanto prefiro passar
Horas e horas sozinha
a brincar
No canto do meu quarto

De desvendar mistérios
Internos
íntimos
Incompletos
Inquietos

Nunca foi tão bom ficar sozinha
E nem tão estranho


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Chuva de alma

Chuva de alma
quando vem
não adianta nem
tentar segurar

Depois de tanto tempo de seca
Terra sedenta

Depois de tanto tempo 
de nuvem carregada sufocada no peito, 
emudecida
Levando a vida assim, meio alegre e meio
entristecida

Agua de alma represada,
numa enxurrada vem
E feito rio caudaloso me inunda inteira
e me leva com você

Rega de vida esse chão por onde piso
E que flores brotem coloridas
em todos os jardins

terça-feira, 3 de junho de 2014

Desordem



Desordem é sair do lugar comum
Dar a cara pra bater
... e arriscar levar um tapa
Casa toda bagunçada
por fora e por dentro
É me perder do meu centro (ou quase)
Sair e não me lembrar mais como é que eu entro
A porta já não é mais aquela
Por onde saí

Se a vida é pesada
E a alma é leve
Que eu encontre coragem
Pra dar o passo de cada dia
E quando estiver lambuzada de terra
O vento venha leve me visitar
Pra trazer lembranças de ar
E que o olhar possa sempre
No horizonte descansar

Desordem é o que acontece entre uma ordem e outra
É o que a vida faz quando se renova
É trabalho de parto
Reparto
renasço

É me sentir exposta.
Sim, pois existir mesmo, ocupar um lugar, um espaço
Isso tem um peso.
O peso da matéria.
O peso da gravidade.
É preciso esforço pra se ter movimento,
É preciso energia
Vontade e intenção
Ficar a flutuar
É só leveza
Que beleza, eu sei
Mas não há como realizar
No ar

Alma tem que aprender a ser pequena
Pra se fazer gente
E ter uma vida grande
Corpo tem que aprender a ser grande
Pra acomodar o infinito da alma
E aí quem sabe
dá pra se viver
Uma pequena grande vida